sexta-feira, 25 de março de 2011

Biomarcadores para avaliação da exposição humana às micotoxinas


              Um dos objetivos da saúde ambiental é a prevenção dos danos à saúde causados por substâncias tóxicas presentes no meio ambiente, contribuindo para que os níveis de exposição a esses contaminantes sejam os menores possíveis e que não se encontrem no grupo de riscos à saúde humana.
 Uma das maneiras de exposição às toxinas é através do consumo de alimentos, cuja ingestão pode resultar em sérias disfunções no organismo tanto de animais quanto dos homens. As micotoxinas, provenientes do metabolismo secundário de fungos filamentosos, são um exemplo dessas substâncias e podem estar presentes em alimentos como amendoim, milho, trigo, cevada, café, leite, arroz, farinhas, nozes, castanhas, frutas secas, entre outros(1).
Dentre as 200 substâncias identificadas como micotoxinas as mais estudadas são as aflatoxinas, os tricotecenos, as fumonisinas, a zearalenona, a ocratoxina A, os alcalóides do ergot e a patulina(1).
A intoxicação causada por toxinas de fungos, ou micotoxinas, é chamada de micotoxicose a qual pode ser ocasionada tanto da ingestão de alimentos ou rações contaminados quanto da inalação dessa substância na forma de partículas suspensas, no caso dos locais de tratamento e manipulação dos alimentos contaminados. A severidade desse tipo de intoxicação é dependente da toxicidade da micotoxina, da extensão da exposição, do estado nutricional do indivíduo e dos efeitos sinérgicos com outros agentes químicos ou biológicos(1). Assim, para confirmar que a doença constitui uma micotoxicose é necessário mostrar a relação dose/resposta entre a micotoxina e os efeitos tóxicos, que pode ser evidenciada pela utilização de biomarcadores.
No presente artigo foi realizada uma revisão bibliográfica no MEDLINE, no período de 1984 a 2005, abrangendo informações geradas com o uso das palavras-chave "biomarcadores" e "micotoxinas".
Como resultado foram encontrados as seguintes informações sobre biomarcadores para micotoxinas:
·         No caso das aflatoxinas a AFB1 é a toxina fúngica com maior potencial tóxico e carcinogênico e como possíveis biomarcadores de exposição foram encontrados seus metabólios como a aflatoxina M1 (AFM1), aflatoxina P1 (AFBP1) e aflatoxina Q1 (AFBQ1), encontrados na urina, ou a própria AFB1, que pode ser quantificada no sangue após o consumo de alimentos que a contenham(1) e os métodos analíticos disponíveis para a quantificação desses biomarcadores temos os cromatográficos e a espectrometria de massas.
·         Dois biomarcadores que indicam exposição às fumonisinas estão sendo investigados: a própria fumonisina na urina e a alteração nos níveis de esfinganina e esfingosina na urina e no sangue(1). Apesar disso o sangue não é considerado bom material biológico para quantificar a fumonisina livre, pois a FB1 medida após a administração oral e intravenosa em macacos indicou que essa micotoxina é rapidamente seqüestrada do plasma(1). O melhor material biológico para a análise da fumonisina livre é a urina. Contudo, há necessidade de mais estudos para melhorar os métodos de detecção das bases esfingóides para validar o uso dessas substâncias como biomarcadores no monitoramento da exposição do homem às fumonisinas.
·         O desoxinivalenol (DON) é uma micotoxina da classe dos tricotecenos produzida por Fusarium graminearum e F. culmorum(1). Devido à estabilidade dos tricotecenos ao processamento industrial e às altas temperaturas, os níveis de exposição humana podem ser altos. Meky et al.(24) investigaram em cobaias o metabolismo dessa micotoxina para o estabelecimento metodológico de um biomarcador na exposição humana.  Os resultados obtidos reforçam a conclusão de vários estudos que sugerem como biomarcadores em potencial para a exposição ao desoxinivalenol os produtos de seu metabolismo e adutos macromoleculares (proteína/DNA) presentes nos fluidos biológicos humanos
·         A ocratoxina A (OA) é uma micotoxina encontrada em alimentos, bebidas e ração animal, produzida por Aspergilluse Penicillium, e é classificada pela IARC como potencialmente carcinogênica para humanos, ou seja, pertencente à classe 2B. Diante disso Gilbert et al. realizaram levantamento com 50 pessoas que apresentavam em suas dietas consumo diário de 0,26 a 3,5 mg/kg de OA. Verificaram que em todas as amostras de plasma e em 46 amostras de urina desses indivíduos a OA estava presente. A utilização da determinação de OA na urina foi sugerida como biomarcador simples para estimar a exposição a essa micotoxina.


        Por fim, foi concluído que o mecanismo de ação juntamente com mutagenicidade e atividade carcinogênica das micotoxinas têm sido largamente investigadas e o conhecimento  obtido desses estudos têm levado ao desenvolvimento de biomarcadores. Assim, a identificação e quantificação desses biomarcadores podem auxiliar na prevenção ou redução das complicações em relação à saúde decorrentes do contato de homens e animais a essas substâncias além de tudo envolvendo técnicas analíticas simples, rápidas, precisas e exatas.    


Referências

1. BANDO, Érika et al . Biomarcadores para avaliação da exposição humana às micotoxinas. J. Bras. Patol. Med. Lab.,  Rio de Janeiro,  v. 43,  n. 3, jun.  2007.   Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442007000300006&lng=pt&nrm=iso. acessos em  23  mar.  2011.  doi: 10.1590/S1676-24442007000300006.

Postado por Anamim Horokoski

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