sexta-feira, 25 de março de 2011

Impacto econômico das doenças de origem alimentar

As doenças, independente da sua origem, acarretam principalmente implicações para o indivíduo acometido por ela na questão da sua própria saúde, mas muitas vezes acaba causando prejuízos numa escala muito maior. (1)
Em países desenvolvidos, os esforços para quantificar o impacto econômico da doença de origem alimentar são comparativamente recentes, mas fica claro, a partir disso, que essa doença tem ligação direta com reflexos na economia desses países. (1)
Os custos surgem de uma série de diferentes fontes e são causados pelos indivíduos e pela sociedade como um todo. Esses custos incluem perda de renda pelo indivíduo afetado, custos dos cuidados à saúde, perda de produtividade devido à ausência do empregado no local de trabalho, custos com investigação de um surto, perda de renda devido ao fechamento de um negócio e perda de vendas quando os consumidores evitam os produtos em particular.(1)
Em 1989, foi estimado que o custo total da doença de origem alimentar bacteriana para a economia dos EUA foi US$ 6.777.000.000. Nos países em desenvolvimento, onde o problema da doença diarréica é muito maior, o efeito sobre a atividade econômica e o desenvolvimento podem ser muito mais intensos. (1)
Para muitas substâncias químicas contaminantes, um baixo nível de consumo é tanto inevitável como não perigoso à saúde. Várias autoridades nacionais de regulamentação e corporações internacionais, como a Joint FAO/WHO Expert Committe on Food Additives (JECFA), estabeleceram valores limitantes para aditivos e contaminantes abaixo dos quais não há risco apreciável. Esses níveis de ingestão diária aceitável (ADI) ou ingestão tolerável diária são expressos como o número de miligramas da substância química que pode ser consumida com segurança por quilograma de peso corpóreo do consumidor sem produzir efeitos adversos. (1)

Episódio de Minamata

Uma das fontes de intoxicação por produtos químicos por via alimentar é proveniente da poluição industrial do meio ambiente assim como o ocorrido no episódio que ficou conhecido como doença de Minamata, uma pequena cidade no litoral do Japão, um lugar pequeno e tranquilo, em que boa parte da população vivia da pesca.
Em 1932 se instalou nesta localidade japonesa, a indústria Chisso, que fabricava acetaldeído, que é usado na produção de plásticos. Seus resíduos eram despejados no mar, sem qualquer tratamento e continham grande carga de mercúrio que é um metal pesado e com grande potencialidade teratogênica(2). Isso fez com que houvesse a contaminação dos peixes e como em todo o Japão a dieta é baseada no consumo desses animais acredita-se que mais de 20 mil pessoas foram envenenadas desde que o problema foi reconhecido em 1956. (1)
No ser humano o mercúrio é ingerido, do fígado passa para a corrente sanguínea e acaba se alojando de forma definitiva no cérebro onde pode gerar lesões irreversíveis, dependendo das quantidades e da reação específica do organismo considerado. Por isso a síndrome é definida como neurológica e os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte.
Treze anos depois do incidente, os peixes da baía de Minamata ainda continham 50mg de Hg/kg de peso corpóreo em comparação com o limite recomendado pelo Codex (Joint FAO/WHO Codex Alimentarius Commission) de 0,5mg de HG/kg. (1)

Referências

1.      Organização Mundial de Saúde. Segurança básica dos alimentos para profissionais de saúde / editores Martin Adams, Yasmine Motarjemi ; tradução Andréa Ravano. – São Paulo : Roca, 2002.
2.      NAIME, Roberto. Envenenamento por mercúrio; Mal de Minamata. Disponível em  http://www.ecodebate.com.br/2010/05/05/envenenamento-por-mercurio-mal-de-minamata-artigo-de-roberto-naime/ Acessado em 25/03/2011.

Anexos

Vídeo sobre o derramamento de mercúrio na baía de Minamata, Japão.
Procedimentos em caso de derrame de marcúrio, por Dra. Cecília Zavariz. Disponível em http://www.unifesp.br/reitoria/residuos/orientacao-geral/hg/procedimentos_hg.pdf .

Postado por Anamim Horokoski

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