sábado, 4 de junho de 2011

Water Hemlock Poisoning

The journal of the American Medical Association, 18 de maio de 1994 – Volume 271, nº 19. Página 1475.


História

Em 5 de outubro de 1992 um jovem de 23 anos e seu irmão de 39 anos foram para as florestas costeiras do Maine. O mais novo coletou de uma área pantanosa uma planta e nesta deu três mordidas em sua raiz. Seu irmão de uma mordida na mesma raiz. Dentro de 30 minutos, o mais novo vomitou e começou a ter convulsões. Eles caminharam pelas arvores aproximadamente 30 minutos depois de o mais jovem ter ficado mal e então ligaram para o serviço de resgate.
Quinze minutos após a ligação, a emergência médica chegou e encontrou o mais jovem não-responsivo e cianótico com leve taquicardia, pupilas dilatadas e profunda salivação. Ocorreram severas convulsões tônico-clonicas seguidas de períodos de apnéia. Ele foi entubado e transportado para o departamento médico de emergência. Os médicos realizaram lavagem gástrica e administraram carvão ativado. Seu ritmo cardíaco foi alterado por fibrilação e quatro tentativas de ressuscitação não tiveram sucesso. Ele morreu aproximadamente três horas após a ingestão da raiz.
Embora o irmão mais velho apreentar-se assintomático quando chegou ao departamento de emergência, foi tratado profilaticamente com lavagem gástrica e administração de carvão ativado. Ele começou a ter convulsões e a delirar durante duas horas após a ingestão. Após ser estabilizado, foi transferido para um centro terciário de cuidados para observação. Não foram reportados efeitos adversos adicionais.
A raiz ingerida pelos irmãos foi identificada como water hemlock (Cicuta maculata). Em outubro de 1993, amostras do fígado congelado, sangue e conteúdo gástrico do homem foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência para cicutoxina, a substância venenosa da cicuta d’água. Cicutoxina, uma neurotoxina, não foi detectada; no entanto, a toxina é instável a pode ser degradada durante o armazenamento.

Nota editorial do CDC (Centers for Disease Control)

De acordo com os dados do CDC do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde de 1979 à 1988 pelo menos 58 pessoas nos Estados Unidos morreram após ingerir plantas venenosas que tinham sido confundidas com frutos comestíveis ou vegetais e dentro destes resultados a ingestão de cicuta foi causa de pelo menos cinco dessas mortes. Já no período de 1989 à 1992, a Associação Americana dos Centros de Controle de Intoxicações registrou quatro mortes atribuídas à ingestão de plantas venenosas.  
Cicuta d’água é da mesma família da salsa, nabo, aipo e cenoura. Ela se parece muito com uma espécie de cenoura de cor branca, a parsnips, cheira a nabo fresco e tem um gosto adocicado, o que pode muitas vezes chamar a atenção de uma pessoa para ingeri-la, mas esta é a planta com maior grau de toxicidade da América do Norte.
A raiz é a parte da planta com maior concentração de cicutoxina, mas esta está presente em outras partes da cicuta d’água. A ingestão de uma porção de 2 à 3cm da raiz pode ser fatal em adultos e o uso de brinquedos feitos a partir do caule da planta tem sido associado com mortes em crianças. A planta é tóxica em todos os estágios de desenvolvimento, porém é durante a primavera que sua toxicidade se torna mais intensa. As intoxicações são resultantes tipicamente da sua ingestão, porém, a cicutoxina pode ser absorvida também pela pele.
Os sintomas observados em uma intoxicação leve por cicuta d’água são náusea, dor abdominal e desconforto epigástrico dentro de 15 à 90 minutos após sua ingestão. Sudorese, rubor e tontura também foram reportados. No caso de intoxicações severas, salivação profusa, transpiração, secreção brônquica e desconforto respiratório levando a cianose se desenvolvem logo após a ingestão. Severas convulsões ocorrem após os sintomas iniciais e a morte é frequentemente resultado de um estado epilético quando há a ingestão de grandes quantidades de cicuta.
A taxa de letalidade para as intoxicações reportadas de 1900 à 1975 foi de 30% e a ultima fatalidade atribuída à ingestão de cicuta d’água em Maine ocorreu no inicio dos anos 70.
Por fim, vale lembrar que não existem antídotos e o tratamento é de suporte. Complicações associadas com sérias intoxicações incluem rabdomiólise com falência renal (hematúria, glucosúria e proteinúria transitórias), acidose metabólica severa, bradicardia e hipotensão.
            Assim, este relato ressalta a necessidade de pessoas que irão ingerir plantas silvestres comestíveis estarem conscientes (hábeis) e serem capazes de reconhecer plantas venenosas daquela área.

Referências

JAMA. Water Hemlock Poisoning - Maine,1992. Disponível em http://jama.ama-assn.org/content/271/19/1475.full.pdf+html Acessado em 01/06/2011.

Por Anamim Horokoski



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